Quando eu tinha meus dois aninhos, morávamos num apartamento numa pequenina cidade do Egito, chamada Damanhur perto da cidadezinha de Tanta, onde havia nascido.
Todas as tarde, lá para as cinco horas, passava um velhinho com cabelos e barba longos e brancos, usando trapos e um cobertor cinza, velho e rasgado, carregando sempre uma sacolinha com o que deveriam ter sidos todos seus pertences. Isso incluía um prato velho de alumínio e uma colher. Eu o aguardava, o “aguz”, em árabe o velho mendigo, junto com minha mãezinha, no terraço do apartamento no terceiro andar, ansiosa para abaixar o recipiente com comida preparada por minha mãe, usando uma corda amarrada a um cesto. O aguz agradecia e sentava na calçada para comer, após retornar o recipiente.
Um dia, o “aguz” não apareceu e eu me lembro o quanto chorei por ele não ter aparecido! Meu pai chegou a noite e minha mãe contou que eu estava inconsolável. Ele decidiu perguntar na rua se alguém soubesse o motivo de sua ausência. Vocês já imaginaram, não é? O velhinho estava muito doente e faleceu, sem deixar ninguém no mundo a chorar sua morte, com exceção de uma meninazinha de dois anos.
E quero agradecer a minha querida mãe, por ter me dado essa bela lição de vida. Queria poder dizer para o Aguz que sua vida não foi em vão. Tomara que mais crianças tenham a sorte de poder ter um Aguz em suas vidas.
Astrid Rizzi
Presidente da Great Start Serviços Ltda. Pioneira no recrutamento e Colocação de Secretárias Multilingües.